Crime e castigo

crime e castigo 2

Reli, em 2018, Crime e castigo, de Dostoiévski. Não tenho a pretensão de discorrer sobre a literatura russa como um todo — não tenho conhecimento nem vontade pra isso. Vou me ater à importância dessa específica obra de Fiódor para mim: é um dos livros que mais apreciei ler (e reler) até hoje. As duas leituras se deram num intervalo de aproximadamente uma década — tinha vinte e poucos anos e estava na faculdade na primeira vez.

Na época, acredito que entre 2006 e 2008, cheguei a ouvir de uma conhecida, já uma senhora, que eu não tinha idade para apreciar verdadeiramente a história. Ela tinha razão. Quando li Crime e castigo pela primeira vez, identifiquei-me imediatamente com Ródion Raskólnikov, mas não senti o verdadeiro peso de sua culpa e sofrimento. Agora, com mais de trinta, a história do protagonista me atingiu de outra forma, mais significativa e mais profunda. Reconheço em Raskólnikov os devaneios e a autoafirmação da juventude. A visão de um rapaz considerado inteligente que julga merecer mais do que tem também me traz lembranças — fui assim, não nego.

Entretanto, o que mais me marcou na releitura, concluída nos primeiros meses do ano, foi o desamparo do protagonista ao se dar conta de que os atos abomináveis que cometeu foram em vão. A confrontação entre o que desejava e o que de fato alcançou serviu para escancarar-lhe a verdade: foi a vaidade que o motivou a cometer seus crimes. Como muito bem explorado no livro, somente a resignação (ou humildade, se preferir) perante a vida poderia dar a Ródion uma nova perspectiva diante de seu fracasso. Agora seria um bom momento para apresentar uma relação entre a derrocada de Raskólnikov e os ensinamentos de Eclesiastes e sua mais emblemática afirmação: “tudo é vaidade”—  afinal de contas, Crime e castigo foi escrito sob a égide da moral cristã —, mas me falta competência pra isso.

Para finalizar, uma curiosidade: o exemplar que li e reli foi publicado pelo Círculo do Livro, editora brasileira dos anos setenta que funcionava como um clube por assinatura. Os associados tinham que comprar ao menos um livro por quinzena, e para isso recebiam um catálogo por correio. Hoje em dia, um exemplo de quem faz as vezes de clube de livros por assinatura é a TAG – Experiências Literárias.

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Um comentário em “Crime e castigo

  1. “Tudo é vaidade” é uma frase de introdução a praticamente todo o livro de Eclesiastes,escrito por Salomão. Rei do povo de Israel, homem descrito como mais sábio e mais rico de toda a história cristã e judaica, Filho de Davi, homem citado pela Bíblia que até hoje é ” o homem que era de acordo o coração de Deus”, conotação essa referida a sinceridade que Davi tinha para buscar ao Senhor e acatar suas bençãos e punições. Davi também é responsável, segundo consta de ter escrito metade dos 150 Salmos escritos. Ocorre que Salomão é o filho preferido para o ocupar o trono, mas, seu irmão Absalão planeja uma conspiração para tomar o trono de seu pai, mas Davi percebe e nome Salomão, antes de morrer. O sonho de Davi era construir um templo para Deus, mas, o Senhor o proíbe, lhe dizendo que as suas mãos estão manchadas de sangue. Já que Davi, enquanto Rei, havia conquistado vários povos e exterminados populações inteiras, para demonstrar e manter o Poder dos Israelitas, Salomão sabendo da vontade do seu pai, e sem ter a necessidade de guerras e batalhas, decide construir um templo com todos os melhores materiais de cada região e continente conhecidos e com seus melhores profissionais. Salomão torna-se o Rei mais rico e sábio, e comete o erro de se envolver com mais 400 mulheres de outras denominações e credos. Fato inadmissível para qualquer israelita e proibido diretamente por Deus. Porque a Bíblia relata em todo o Velho Testamento que Deus abomina a união dos Israelitas com outro povo, pois eles pertencem ao Senhor. A saber os israelitas são composto de 12 tribos, sendo que a última existente hoje, é a tribo judaica, ou os judeus, como preferir. Mas, voltando, Salomão tomado da vaidade e ambição, aceita adquirir os costumes e adorações de suas mulheres e concubinas. Negando a Deus , a condição de ser o Único e Verdadeiro Senhor da vida de Salomão. Ao final da vida, Salomão tem seu reino fracionado, pois as tribos de Israel são dividas, e ele perde o seu pleno poder. Daí escreve Eclesiastes lamento a sua arrogância, e dando enfase a condição de que se não tivesse sido tão vaidoso a ponto de ouvir Deus, como seu pai o fazia, a tribo de Israel não teria sido divido ele teria honrado ao Senhor , como seu pai O fez a vida inteira,
    Acaba, por assim dizer, Eclesiastes sendo um ato de redenção as mazelas de Salomão por ele, acreditar que tendo sido reconhecido até por povos inimigos ser um homem sábio, poderia continuar sendo sem ter que buscar a Deus todos os dias.
    É fato que conforme nossa idade e maturidade, o reconhecimento aos nossos erros e acertos, podem no fazer pessoas sábias e felizes ou arrependidas e tristes.Não li Crime e Castigo, mas, mediante a sua explanação a história de Raskólnikov , percebo a semelhança. O que me leva sempre a condição ter em mente Provérbios 16:18″ A soberba precede a ruína, e a altivez do espirito precede a queda”.
    É isso.

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