Há algum tempo venho acompanhando aulas e palestras de Jordan B. Peterson no YouTube. Ele é psicólogo clínico e professor de psicologia na Universidade de Toronto, no Canadá. Além de ficar conhecido por seus vídeos, publicou livros como Maps of Meaning: The Architecture of Belief (1999) e 12 Rules for Life (2018) — este último foi traduzido para o português. Pois bem, não li suas obras e não vou falar sobre elas. O que me interessa é que Peterson aborda temas de psicologia aplicada. Dentre eles, um por qual tenho especial apreço: assumir responsabilidade.
O psicólogo afirma que responsabilidade é o que dá sentido à vida; tenho que concordar. Ele é bastante elucidativo ao comparar alguém imaturo a Peter Pan, o garoto que não quer crescer. Assim como qualquer criança, quando jovens somos uma soma de potencialidades, sem ser nada de fato; apenas potência, que só se realizará com esforço e dedicação. Só ao crescer somos (encaixe aqui algum sonho, profissão ou ambição), e só o somos se tivermos cultivado, realizado e nos responsabilizado por algo ou alguém no caminho.
Mark Manson também destaca em seu livro A sutil arte de ligar o f*da-se (The Subtle Art of Not Giving a F*ck no original) que assumir a responsabilidade pelo o que acontece na vida é um valor a ser buscado — mesmo quando não somos necessariamente culpados por várias das adversidades e tragédias que nos acometem. Não tenho certeza se Manson é uma fonte tarimbada para validar meu ponto de vista. (Assumo que tenho certo preconceito por livros de autoajuda, mesmo um que seja irreverente; vá na contramão do que é usualmente escrito; e use palavrões). Entretanto, é possível perceber que o mesmo argumento — de salientar a responsabilidade como imprescindível para uma vida com significado — é compartilhado por indivíduos com repertório e experiência diversos.
Percebo que é necessário um esclarecimento: não sou idealista nem irrealista. Vidas diferentes exigem responsabilidades distintas; umas demandam mais, outras menos. Aliás, não vou me atrever a discutir as implicações filosóficas que uma vida calcada na responsabilidade acarreta. Pessoas mais capacitadas podem fazê-lo. O que é inaceitável — a meu ver, que fique claro —, é não ter responsabilidade ou não se responsabilizar por nada ou ninguém, inclusive por si mesmo; é viver como expectador e vítima da própria vida. É sobretudo preocupante quando isso acontece com alguém que já tem uma certa idade e bagagem.
Outro ponto que Jordan Peterson nos apresenta, e com o qual me identifico também, é que uma discussão sobre direitos (civis, políticos, sociais, culturais, econômicos etc.) é incompleta se não abordarmos os deveres e responsabilidades inerentes a esses mesmos direitos. Arrisco afirmar: para as pessoas que cresceram, as responsabilidades que assumem são mais importantes e significativas do que os direitos a que têm direito. (Não resisti ao trocadilho.)
Termino com uma indagação: ser pai me influenciou a chegar a essas conclusões e a concordar com Peterson e Manson? Não tenho dúvidas quanto a isso. Ser responsável por alguém me fez colocar vários dos meus valores em perspectiva. Contudo, não só isso; também tenho minha porção de responsabilidade por meu casamento; pelas minhas amizades e relações familiares. Sou responsável pelas minhas ações e reações e, especialmente, por minhas escolhas. O trabalho é árduo e constante, mas recompensador. Estou feliz e satisfeito em carregar o fardo que me pertence. Vida que segue.
Confidência: meti o bedelho na área de atuação da minha esposa (psicologia). Espero que ela leia e aprove.