A Copa do Mundo está aí, certo? Porém, o que quero compartilhar sobre o país que a sediará não tem nada a ver com futebol. Minha relação e meus conhecimentos sobre a Rússia são escassos, não nego. Contudo, meu interesse por esse país gigantesco — geograficamente e culturalmente — só vem crescendo com os anos.
Comecemos pela literatura russa, uma das mais lidas, cultuadas e estudadas no mundo todo. Tosltói, Pushkin, Tchekhov, Dostoiévski estão entre os autores reconhecidos por todo o globo. Dostoiévski, particularmente, é um dos escritores que mais aprecio. Afora as letras, a Rússia também foi e é polo de grande inovação científica. Vide a corrida espacial décadas atrás durante a Guerra Fria.
Mesmo para aqueles que não nutrem simpatia e até abominam regimes totalitários — eu me incluo nesse grupo —, não há como negar a importância da Rússia, ou melhor, da União Soviética no século XX como contrapeso a uma certa hegemonia e padronização cultural estadunidense no ocidente. Os EUA e a URSS eram duas forças antagônicas que disputavam domínio e poder. Sabendo as dificuldades de contemporizar em tempos de polarização, estou com aqueles que defendem um mundo livre e plural; não há uma única fórmula ou caminho a seguir, desde que sejam respeitados alguns direitos primordiais e liberdades básicas.
É curioso notar o momento atual por qual vive o maior país do mundo, tendo que conciliar seu passado revolucionário com as atuais demandas das gerações mais jovens, que não vivenciaram o comunismo russo e se interessam mais pelas possibilidades que o consumismo oferece. Gostando ou não das opções políticas adotadas na Rússia, é improdutivo e, até ouso dizer, ridículo negar suas riquezas, principalmente as culturais.
O conflito por que passa a “Mãe Rússia”, caracterizado atualmente por sua liberdade econômica e restrições políticas, é recente e passível de superação ou intimamente entranhado à história russa? Não tenho a resposta. A conferir.
Termino com um fato de suma importância: além do tão conhecido estrogonofe, a Rússia também nos proporcionou uma grande fonte de alegria, e tenho certeza que minha esposa não vai discordar. Essa fonte a que me refiro, elixir que agrada e revigora a alma (de alguns, pelo menos), chama-se vodca.