
Estou no metrô a caminho de casa. Para passar o tempo e me entreter durante a viagem, tiro da mochila O grande mentecapto, de Fernando Sabino, e dou prosseguimento à leitura. Inesperadamente, uma senhora, sentada perto de mim, toma coragem — pelo visto depois de ler o nome do autor na capa do livro — e me pergunta:
— É a biografia dele?
Digo que não, “É um de seus romances”. Ela continua:
— Meu pai conheceu Fernando Sabino. Já li muita coisa dele.
— Acredito que a senhora deve ser de Minas.
— Sim. Ele fez muito sucesso lá.
Continuamos nosso papo sobre os livros do escritor. Enumero as obras que já li do autor e apresento o que estou lendo com um clichê: “O livro é engraçado. O protagonista é como um Dom Quixote brasileiro”.
Ela dá uma risadinha e afirma peremptoriamente:
— O Fernando é conhecido pelo seu humor, ele é irônico, sarcástico.
Percebo que estou conversando com quem realmente leu alguma coisa do escritor.
Falamos ainda sobre nossa preferência em ler livros de papel. Os dois concordam que são mais prazerosos de manusear, tocar, cheirar etc. (Assumo que ultimamente dei pra ler bastante utilizando o tablet que minha esposa comprou como presente de fim de ano e alternativa para entreter nosso filho quando necessário). Confidencio à senhora:
— Costumo ler muito livro que pego emprestado. (E mostro a lombada do volume com os dados de identificação da biblioteca.) — Quando gosto de algum, tento comprar um exemplar para guardar em casa.
Ela aprova meu comportamento com um olhar de contentamento e uma leve aquiescência com a cabeça. Chegamos a trocar mais algumas palavras por um breve momento.
Ao fim da conversa, quando a senhora se levanta para sair do vagão, me faz uma recomendação: “Leia Jerusalém, é um livro muito bom que conta a história da cidade desde o reino de Davi.” Ainda antes de partir me deseja um feliz ano novo.
Ao levar em conta esse inusitado e agradável diálogo, motivado pelo amor aos livros e o prazer em lê-los, o ano já começa bem. Feliz 2019 a todos!
A vida, às vezes nos proporciona encontros inusitados, porém, ricos de trocas interpessoais…Ótimo ano para você…
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Obrigado, Walter. Um ótimo ano pra você também!
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Legal Rafael.
Desejo sucesso e sei que virá.
O texto é leve e fluido, com um olhar intimista que agrada.
Persevere.
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Agradeço o elogio e o incentivo, Ricardo.
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