
De grão em grão, fomos Colhendo a safra deste ano: Menor do que o esperado. — Quem sabe a do ano Que vem não é melhor? Do trabalho árduo e Dos dias quase idênticos, Ficou apenas o gosto Monótono na boca; o pão É pouco, mas ainda é pão. Quando o mínimo é tudo O que sobra é um quase Nada. Quem me dera não Ter medo da doença ou Da indigência, pobre que sou. Em tempos de desapego e carestia, Qualquer colheita é boa, com tanta Boca a comer? Valha-me Deus! Se colhi tão pouco é porque Me descuidei das ervas daninhas. Miserere mei!