
Em um dos quartos da casa de abrigo, a senhora, sentada em sua cadeira de balanço, fita o horizonte pela janela. Olhava o nada. Minutos depois, chega a musicoterapeuta para lhe ministrar mais uma sessão com as canções preferidas da idosa.
Ao ouvir os primeiros compassos de composições dos anos 1920, principalmente jazz, a velha parece já receber ânimo, como se acordasse de seu torpor persistente. Os olhos se avivam, e ela começa a falar tranquilamente.
Nessa hora, a terapeuta lhe passa alguns papéis. São os rascunhos originais de uma das poetas mais renomadas do século XX. Ao ler os poemas, a mulher se emociona, e diz:
— Acho que nunca li nada tão bonito. Já li muita porcaria, mas isso aqui é ouro! Quem é A. B. White? Gostaria de conhecê-lo.
— Amanda, a senhora a conheceu. Melhor do que ninguém! A senhora a conheceu… e irá se lembrar…