
Minha vó Terezinha, quando mais nova, costurava para aumentar a renda familiar. Do ofício veio o prazer: dar roupas e cobertores, que ela mesma fazia, aos parentes. Mais de uma vez ganhei da nonna uma colcha de retalhos. Para mim, valiam e valem mais que qualquer manta ou edredom. Quando olho para a única delas que ainda tenho comigo, lembro-me do João de Cordisburgo, aquele tal de Guimarães, que já escreveu que viver é um rasgar-se e remendar-se. E não é? Digo é isto: que a colcha de retalhos que por vezes me cobriu em noites frias é como a vida de cada dia — comezinha, mas tão bonita... — Ô se é!