
Hoje em dia tenho a percepção de que vivemos em uma sociedade histérica e infantilizada. Pelo menos assim a vejo, e acredito não estar sozinho… Há os “adultos”, e parecem ser muitos, que se recusam a crescer — parte de mim ainda vive essa luta, não tenho vergonha em assumi-lo — e vivem como eternos adolescentes, e pior, acreditando que são eles que podem instruir aqueles que já viveram o bastante pra saber o que é bom e o que não é. Isso sem contar aqueles que brigam contra a natureza a todo custo, para sempre parecerem jovens.
Não estou dizendo que os mais novos não têm algo a ensinar: podem nos explicar como usar um novo aparelho, por exemplo, admito… Mas daí a achar que por ter mais facilidade ao manusear aparatos tecnológicos e usar a internet e redes sociais podem educar os que vieram antes deles é um disparate. Dá-me paciência, Senhor!
Atualmente, estamos naufragando em meio a um oceano de informações e demandas por consumo, mas falta-nos algo. Não temos critério, hierarquia, ordem em nossos pensamentos, sensações e emoções. E não serão os que estão aqui desde ontem, que acham que o mundo começou com eles, que vão instruir como superar esse iminente naufrágio.
Pois bem, por isso quero lembrar de um recado que o nosso grande Nelson Rodrigues deu aos jovens: envelheçam! Ou melhor, envelheçamos todos, pelo amor de Deus! Há que se perceber que a vida não é só pautada pelo o que o “eu” quer. Que muitas vezes a grandeza de alguém vem das responsabilidades e abdicações que está disposto a assumir. Que doar-se é uma das maiores formas de amor. Que as modas vêm e vão, e por isso é melhor dar atenção ao que é perene. Que ensinar a ser gente, “humano” na melhor acepção do termo, é um trabalho árduo e cotidiano. E tudo isso só vem com a maturidade.
Esclareço que faço uma generalização. Com certeza há pessoas com as qualidades que acabei de enumerar, não importando sua idade biológica. Mas por vê-las como exceção, não me atenho a elas. O recado fica para o resto, que para mim parece ser a maior parte: amadureçam, por favor! Ou teremos que concordar com o Nelson em outro ponto: “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.”