
Chesterton já disse que quem deixa de acreditar em Deus passa a acreditar em qualquer coisa. David Foster Wallace, por sua vez, já afirmou algo parecido, apontando para o fato de que é melhor venerar entidades espirituais ou princípios éticos do que coisas como o Dinheiro, que vão nos comer vivos. Ou servimos a Deus ou a Mamon. E certamente não sirvo a Mamon.
Por isso, considero ostentar riqueza um ato ofensivo, obsceno. Vou além: quem avalia a si mesmo ou aos outros pelo tanto de dinheiro que tem é um ser abjeto. O que não quer dizer que demonizo o dinheiro, a riqueza material em si.
Não há problema nenhum em se ter um patrimônio e buscar mais do que se tem. O problema é isso se tornar o centro de nossas vidas. É vivermos em função dessa busca. É torná-la nossa prioridade. Ainda pior, é sentirmo-nos seres humanos melhores pelo fato de termos mais dinheiro. Aí está o absurdo.
O dinheiro como moeda de troca foi um grande, se não o maior, avanço econômico da história humana. Mas nossos bens só valem pelo bem que proporcionam de fato a nós e aos outros. A abastança não é vil, mas pode ser instrumento de vilificação daqueles que a idolatram. Tornamo-nos vis ao adorar o falso deus Dinheiro. Façamos a nossa fortuna, mas que ela nos sirva, e não nós a ela.
Se por um acaso parecer que escrevo de forma hiperbólica, é que venho lendo bastante Nelson Rodrigues ultimamente. Devo estar sofrendo — ainda bem! — alguma influência do nosso Dostoiévski brasileiro.