
Quase toda vez que caminho pela rua São Bento em direção à estação homônima do metrô na hora de voltar do trabalho pra casa, avisto o que parece ser uma senhora, em trajes escuros, acampada debaixo de um guarda-chuva preto. Arrisco dizer que é uma mulher pequena pelo o que consigo notar de suas feições, mas nunca a vi bem o bastante para bater o martelo.
Talvez ela faça parte dos muitos moradores de rua do centro da cidade… Talvez não, provavelmente faz. O que me fez notar sua presença, é que sempre que a vejo, ela está no mesmo lugar, sentada quase ao nível do chão com seu guarda-chuva bem perto de si, a cobrir a maior parte do seu corpo. Parece se abrigar nele, mas não sei o porquê. Está se protegendo ou se escondendo de algo ou alguém? Seu guarda-chuva é uma das poucas coisas que possui e por isso o utiliza como teto? São tantas perguntas…
Se quem me lê ficou curioso, sinto informar que não tenho as respostas. O que posso afirmar é que, mesmo sem a senhora o saber, há alguém (eu) que repara nela, alguém que mesmo sem saber nada sobre ela, nota sua existência; alguém que sabe que há um ser-humano por baixo de sua casa improvisada, um ser que por mais anônimo que seja, tem sua existência atestada por estas simples palavras.
É provável que eu ainda a veja muitas vezes… A mulher e seu guarda-chuva.